Aqui exponho um artigo que, a meu ver, me
parece interessante para enquadrar uma vez mais a teoria das Relações Públicas
e Responsabilidade Social numa conjuntura que todos nós vivemos neste momento:
A crise económica e financeira…
INTRODUÇÃO:
“O
papel das empresas na sociedade é cada vez discutido atualmente. São exigidas a
participação e atuação delas em outros aspectos, além do econômico, e o social
é um deles. Nesse permeio, surge o conceito “responsabilidade social das
empresas”. Observamos práticas como filantropia, ações e projetos sociais
feitas pelas empresas para dirimir as questões sociais. Porém elas não abarcam
a totalidade do conceito. Na contemporaneidade, a responsabilidade social
empresarial vai além de realizações sociais, ela implica em posturas
corporativas.
A
responsabilidade social diz respeito à conduta que as organizações têm no
relacionamento com os seus públicos e/ou stakeholders e como se comportam
diante das demandas e necessidades de todos que são afetados, direta ou
indiretamente, pelas empresas. Nesse trabalho, analisamos a conduta das
organizações, com um dos públicos, o público interno. Observamos o seu posicionamento
com os funcionários em situações de crise como a demissão.
Para
entender melhor as questões que permeiam responsabilidade social, público
interno e demissão, o trabalho foi dividido em três capítulos. No primeiro, são
discutidos os conceitos de responsabilidade social. Tivemos como base a
definição do Instituto Ethos de Responsabilidade Social Empresarial que é
referência sobre o tema na atualidade. Analisamos pontos como a ética e a
postura das empresas e as diferenças conceituais entre responsabilidade social
e outros termos relacionados à dimensão social e como as Relações Públicas
estão inseridas nesse processo.
O
segundo capítulo aborda os aspectos que envolvem a responsabilidade social com
o público interno. Os Indicadores Ethos são a ferramenta utilizada para definir
esses parâmetros. Questões como participação nos resultados e bonificação,
cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho, valorização da
diversidade, gestão participativa, comportamento frente a demissões são discutidas
no decorrer do capítulo. Consideramos como público interno, além dos
funcionários efetivos, estagiários, trainees e terceirizados.
Já no
terceiro e último capítulo, verifica-se o comportamento que as empresas têm
frente a demissões. Observamos as atitudes das organizações em situações de crise
e o que as levam a realizar corte de pessoal, demissão em massa ou
enxugamentos. Apontamos as consequências da demissão nas organizações e as
alternativas utilizadas pelas empresas para evitá-la. Quando ela se faz
necessária, são discutidas formas de se atenuar o impacto da demissão, dentro
das premissas da responsabilidade social.
Deste
modo, o presente trabalho busca contribuir para uma maior reflexão sobre o a responsabilidade
social das empresas com o público interno, principalmente em situações de crise
como a demissão, analisando o papel e a participação das Relações Públicas na
condução dessas questões.”
TEMAS ABORDADOS:
1. Responsabilidade Social das empresas
- Campo conceptual
de responsabilidade social das empresas
- Relações
públicas e responsabilidade social
- A Ética
nas organizações e a responsabilidade social
- Diferenças
conceituais entre responsabilidade social e outros termos relacionados
à dimensão social
2. Responsabilidade Social e Publico Interno
- Público
interno e Indicadores e Normas de Responsabilidade Social Empresarial
- Política
de benefícios, qualidade de vida e responsabilidade social com
estagiários, trainees e terceirizados
- Valorizando
o público interno: das políticas de diversidade à gestão participativa
- Comunicação
e transparência com o público interno e as políticas de demissão
nas empresas
3. Demissão e Responsabilidade Social
- Crises e demissão em massa –
redução de custos nas empresas?
- Consequências da
demissão nas organizações e alternativas para evitar a demissão
- Quando a demissão é
necessária: formas de atenuar o impacto
- Demissão e Comunicação
Social: um olhar de Relações Públicas
RESUMO DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Neste artigo foi abordado um ponto estratégico
crucial na actividade das Relações Públicas: os stakeholders, ou seja, todos os públicos com que uma organização
mantém um determinado tipo de relacionamento directa ou indirectamente ou ainda
tanto a nível interno, como externo. Pois estes, independentemente nível de
relacionamento que é estabelecido, são cada vez mais exigentes na procura da sustentabilidade,
confiança e transparência que se interliga a uma atitude ética e socialmente
responsavel por parte de qualquer organização.
Considerando a competetividade bem patente
no mercado internacional dos tempos que correm, torna-se crucial ter em conta a
opinião pública e conseguir controlar e amenizar possíveis insatisfações. Pois
caso contrário pode por em causa o sucesso empresarial bem como a continuidade
da sua existência. A autora afirma portanto que é neste sentido ou nesta “conjuntura” que se deve valorizar a responsabilidade
social corporativa e, indo ao encontro do que foi abordado no post anterior tendo como fonte a
perspectiva de Archie B. Carroll (1991), esta passa pela análise da atitude
verificada no relacionamento das organizações com os seus variados stakeholders tendo sempre em linha de
conta os seus “interesses e demandas”
, ou seja, numa óptica de Relações Públicas.
Reportando ao meu primeiro post, neste artigo tambem se realça para
o facto de que a responsabilidade social é mais do que filantropia ou projectos
sociais, tendo que ser parte integrante do ADN da organização, da sua conduta
ética e nos modelos de gestão.
Dentro dos vários indicadores, o
presente estudo debroçou-se nos pressupostos de orientação relativamente ao
público interno (pressupostos estes que vão desde as condições de segurança e
saúde no trabalho, prémios, respeito à diversidade, entre muitos outros).
Mas indo ao encontro do tema principal
deste estudo, uma das notas conclusivas esclarece que quando as organizações
enfrentam situações de crise trazendo a necessidade de diminuir drásticamente
os custos financeiros, a prática mais comum passa pelo corte de colaboradores
ou demissão em massa. Realça-se que esta deve ser a última opção para reduzir
custos e que inclusive pode trazudir-se em significativas perdas para a
organização.
No entanto, é de ter em conta que caso
seja uma solução necessária, há maneiras do fazer para amenizar o seu impacto,
ou seja, fazê-lo de forma responsável. (Os Indicadores Ethos são analisados
neste artigo também como uma ferramenta que indica a melhor maneira das
empresas se comportarem no toca às demissões.)
A demissão é sem duvida uma situação
sempre delicada, e a maneira como as empresas a praticam reflecte também a noção
que têm da responsabilidade social. É portanto neste sentido que as Relações
Públicas surgem, por forma a conduzir as organizaçoes nas melhores práticas de
relacionamentos com os variados stakeholders
através da comunicação e da sua gestão. Gestão esta que deve dar valor à
informação considerada como um “bem
público”, configurando às empresas o dever de informar sobre as suas
políticas, questões ou acções que podem exercer algum tipo de influência
negativa ou positiva nos varios públicos.
Em suma, este dever reporta a uma
atitude organizacional pautada pela transparência e dirigida éticamente mesmo
em momentos de crise, devendo sempre ser alargada no tempo dando-lhe
continuidade. (Esta última questão remete-nos para um outro conceito que abordarei num próximo post - Sustentabilidade)
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Nesta mesma linha de pensamento
deixo-vos um outro artigo…:
Por Júlio Afonso Sá de Pinho Neto, Professor
Adjunto do Curso de Comunicação Social/Habilitação em Relações Públicas da
Universidade Federal da Paraíba, Brasil.
“O público interno
representa um segmento essencial para o êxito dos programas de Relações
Públicas, exigindo transformações na cultura organizacional, com a consequente
adopção de novos paradigmas éticos. Trata-se de uma etapa prioritária para a
legitimação de todo o trabalho de comunicação em uma organização, fornecendo a
credibilidade necessária para obter um bom conceito junto à opinião pública e à
sociedade civil organizada.” (in http://www.bocc.ubi.pt/pag/bocc-neto-importancia.pdf)